segunda-feira, 6 de abril de 2009

O mistério da chuva


Há algo especial nos dias de chuva que vai além de nossas explicações. Há algo mais belo do que simplesmente gotas de água que caem por precipitação da umidade quando chega a 100% (como diria um grande senhor amigo meu).

Quanto mais estudo, vejo que as coisas por mais que sejam estudadas sempre haverá algo que não poderá ser explicado o/ou mesmo será ignorada pela ciência, sendo definida como uma reação subjetiva.

Como quando nos dias de chuva eu vejo que há algo especial no ar, algo diferente, que só nos vem com a chuva, algo que se respira, algo que se sente, algo que nos toca tão suavemente que esse estado só nos é percebido quando cai de novo uma chuva. Pelas explicações, com a baixa da temperatura nosso organismo entende (ainda como reflexo de nossos instintos primitivos) que é tempo do frio e o nosso metabolismo cai pra preservar nossas reservas de energia e daí ficamos mais lentos, mais preguiçosos, mais torporosos reações trazidas por nossos hipotálamos (região do cérebro) e nossas tireóides. Mas quem explica a ansiedade, o estado reflexivo permanente até o fim da chuva, a carência, a nossas sensações nostálgicas que nos pegam desprevenidos quando já estamos entregue a um misto de tristeza e frustração que nós dá ao olharmos pra janela e vemos toda aquela água caindo?

A verdade é que realmente ficamos mais pensativos durante as chuvas, pensamentos desorganizados, vagos, sem sentido, nostálgicos e até mais amáveis do que o normal e não há uma explicação padrão pra isso, talvez pelo fato de estarmos quietos e nos tempos de hoje isso é raro, com tanta correria não temos mais aquele tempo pra sentarmos e devanearmos, uma espécie de pensamento ausente que hoje está quase extinto devido o fato de nossas obrigações serem mais presentes que nós em nós mesmo.

Talvez a explicação de não sabermos o motivo da chuva nos transformarem em seres pensantes esta em não termos mais esse tempo pra apreciá-la com um bom café quente e uma paz divina que só nos é concedida quando um evento tão celeste nos é dado...

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Hoje... em especial.. um dos meus poemas preferidos apresentado no festival maranhense em 2006... 25 horas


25 Horas

Há dias que a gente precisa
De um beijo conquistado,
Sentir-se bem amado
Ou apenas chorar num bom filme.

Comer pipoca num circo
Como se só houvesse o sábado,
Blocos nas ruas
E riso nas mascaras.

Há dias que a gente precisa
Se encharcar num banho de chuva,
Dançar sozinho no quarto
Ou brincar com o medo de escuro.

Apaixonar-se pela chama da vela
E atuar no teatro das sombras
Como se não houvesse o moderno
Das lâmpadas e dos televisores.

Há dias que a gente precisa
Perder por algum momento a hora
Pra encontrar lembranças antigas
De um tempo já perdido.

Reviver muitas vezes a infância
Para não envelhecer;
Nem deixar de contar piadas
Mesmo se não tiverem graça.

Inventar novas cantigas
Saltitando novas palavras
Nas canções dos outros
Mimando quem estiver por perto.

A gente precisa de alguns dias
Para soletrar amigos,
E então conhecer-los o bastante
Caso se precise esquece-los.

De bastante tempo para aproveitar
Enquanto não falta a memória
De que é vergonhoso
Perder certas coisas.

A gente precisa precisar
E não perder a curiosidade
Ou faltar vontade
De sermos mais contentes.

E ter mais dias
E às vezes em alguns lugares ser ausente
Para ter mais dias nos dias
A fim de se surpreender em mais um aniversários.

E só, somente só no que sobrou de tempo
Sermos a gente, para não esquecermos quem somos,
Os dias que ainda temos
E do que ainda vamos precisar.


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Texto Produzido por:
Marcelo Bonates

1 comentários:

George Raposo disse...

esse poema é massa!

eu gostei dele desde a primeira vez q li
eheheh